Notícia da "Lusa" sobre Teatro de Giz em vários jornais
Naufrágio aproxima grupos de teatro
O "CP Valour", que seguia do Canadá para Espanha, transportava centenas de contentores e "um deles, que miraculosamente não se afundou" quando caiu à água, acabou por dar à costa com adereços de "uma das maiores companhias teatrais da Europa e do Mundo" — o Piccolo Teatro di Milano, contou à agência Lusa o presidente do Teatro de Giz, na ilha açoriana do Faial. Textos: Ana Pereira, da Agência Lusa |
Quando um navio encalhou em Dezembro na ilha do Faial, o grupo Teatro de Giz "estava longe de imaginar" que os adereços num contentor que deu à costa resultariam numa amizade com uma das mais importantes companhias teatrais europeias.
O "CP Valour", que seguia do Canadá para Espanha, transportava centenas de contentores e "um deles, que miraculosamente não se afundou" quando caiu à água, acabou por dar à costa com adereços de "uma das maiores companhias teatrais da Europa e do Mundo" — o Piccolo Teatro di Milano, contou à agência Lusa o presidente do Teatro de Giz, na ilha açoriana do Faial.
Segundo Miguel Machete, que disse lembrar-se dos acontecimentos "como se fossem hoje", foram "coincidências atrás de coincidências" que permitiram aproximar e perspectivar um eventual intercâmbio entre as duas companhias de teatro.
O contentor "'tem coisas de teatro', disseram-nos ao telefone pessoas que estavam no local, na supervisão e trabalhos de limpeza", relatou Miguel Machete, assinalando que "muita coisa se perdeu", uma vez que o contentor ficou totalmente destruído.
Todavia, nalgumas caixas, muito bem construídas, com o nome da companhia italiana nelas inscrito, resistiram alguns adereços que tinham sido utilizados numa digressão de dois meses pelos Estados Unidos com a peça "Arlequim servidor de Dois Amos", de Carlo Goldoni. No meio desses adereços, um fato de Arlequim.
A última peça encenada pelo fundador do Piccolo Teatro di Milano começa, curiosamente, com o naufrágio do Arlequim, referiu o presidente do Teatro de Giz. "Mais uma coincidência engraçada", observou.
Entre o espólio encontrado estavam, ainda, fatos "riquíssimos", alguns bordados à mão, cenários, fotografias de representações, máscaras com "muito valor", descreveu Miguel Machete, a quem foi logo possível confirmar que se tratava de adereços de "commedia dell' arte".
Mesmo assim, e sabendo que "muita coisa" teria ido para o lixo, por se encontrar extremamente degradada, Miguel Machete recordou ter sido possível recuperar "uma pequeníssima parte" do valioso espólio, incluindo o "extraordinário" fato de arlequim.
Ao fazê-lo, o Teatro de Giz "estava longe de imaginar" que a resposta acabaria por ser o início de "uma proximidade muito grande e inesperada" entre um grupo local amador e uma companhia de "grande dimensão", de que, provavelmente, nascerá um intercâmbio.
A produtora dos espectáculos "Arlequim servidor de Dois Amos" estava "radiante por existir um grupo no meio do Atlântico a fazer um esforço enorme de recuperação" de parte do seu material, contou Miguel Machete, realçando que o contacto telefónico e por correio electrónico passou, então, a ser permanente.
"A família do teatro está espalhada pelo mundo, mas unida, mesmo que não o saiba", sublinhou.
Para o realizador Zeca Medeiros, esta foi uma sucessão de "coincidências muito interessantes", que agora vai transpor para o canal público regional, num telefilme que conta estrear em 2007, juntando o documentário e a ficção.
"Achei que era extraordinária e que deveria ser contada, porque há em tudo isto algo de muito poético", enfatizou Zeca Medeiros à Lusa, admitindo vir a ser "um trabalho diferente" de outros que já realizou, embora esteja tudo "ainda em embrião".
A coincidência dos "dois naufrágios" do arlequim, uma vez que uma das peças do repertório do Piccolo Teatro di Milano começa com o naufrágio, constitui o ponto de partida do trabalho, explicou o realizador.
Numa co-produção do Teatro de Giz com a RTP dos Açores, o projecto, de que Zeca Medeiros adiantou alguns pormenores, será concretizado na ilha do Faial, devendo as filmagens arrancar "muito em breve".
Os protagonistas já estão escolhidos (os elementos do Teatro de Giz), indicou Zeca Medeiros, assegurando que "vai ser fiel" a toda a história que lhe contaram.
O realizador deverá também acompanhar a deslocação do Teatro de Giz a Itália, prevista para Outubro ou Novembro. "Nesse reencontro" vamos falar do documentário, disse ainda, colocando a hipótese de elementos do Piccolo Teatro di Milano entrarem na parte do documentário, embora o guião definitivo "ainda não esteja escolhido".
Admitiu, por outro lado, a possibilidade da participação de um músico português na banda sonora e da inclusão de depoimentos de um actor/encenador que, "curiosamente", estagiou no Piccolo Teatro di Milano e é natural do Faial, além de uma actriz do continente.
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