Novo público, grande encontro

Às 10h da manhã, para turmas do 10º ano?
Claro que sim!
O "Jogo de Cartas" passou pelo Teatro Angrense para se encontrar com pessoas de uma faixa etária que raramente constitui público alvo do teatro que se apresenta por aí. Será que os jovens de 15 e 16 anos se identificam com as personagens e o enredo da peça? Como vão reagir? Estarão atentos ao que se passa na casa do Fausto e no bar do "sítio pequeno"? Identificam-se ou não com o que temos para lhes dar? Estas dúvidas assaltaran-nos no caminho para a ilha da Terceira. Chegámos e fomos conhecer o espaço. Magnífico teatro. "Será (e foi) um prazer representar aqui" dissemos em uníssono. Depois de levantadas as paredes (aqueles espelhos revelam-se medonhos no peso!) aguardámos expectantes pelo dia seguinte.
Às 10h10, o começo aliviou tensões, com palmas irónicas dos espectadores quando as luzes se apagaram e acenderam só para mostrar a casa. "Muita bom!" ouviu-se na plateia, numa ironia típica e salutar. Estavam convencidos (pareceu-nos) que iam apanhar, como direi, uma valente "canseira" de teatro logo pela manhã mas parece que a coisa não foi bem assim... Isto porque no decorrer da nossa pequena estória não demos pelo diabo se instalar nas cadeiras! Pois é, o aborrecimento, sublinhado pelo mestre Brook, não se fez sentir por aquelas bandas a julgar pela concentração e associado silêncio de morte (e nascimento) que se ouviu. As palavras ditas foram recebidas, a acção, o cenário, a música, a luz, tudo filtrado, processado e apreendido por quem lá estava. No final, o ambiente era de entendimento pelo meio dos aplausos.
Um dos melhores e mais maduros públicos que tivémos a sorte de encontrar. Muito obrigado à malta da Terceira.
Não posso deixar de sublinhar a recepção e apoio que a secção infantojuvenil da Biblioteca Municipal nos deu,nomeadamente na pessoa da Helena Martins. Assim vale a pena. Um abraço especial para o primo do César Lima que nos ajudou (como é que é possível teres conseguido levar para o Teatro aqueles espelhos pesadissimos pá?) com o transporte do material. Estamos a dever-te uma!
Ficámos mais uma vez felizes...