Cartas dadas e recebidas
Fotos: Jorge Fontes
Chegámos hoje. Mal ou nada dormidos mas de sorriso pregado na cara. "Valeu mesmo a pena irmos a Lisboa" dissemos algumas (muitas) vezes. Outros espaços, luzes, sons, caras, outro e o mesmo jogo. A Guilherme Cossoul é sem dúvida um porto de abrigo, um espaço acolhedor, preenchido por gente boa, verdadeira, dedicada, verdadeiros lutadores, verdadeiros amigos. Na quinta-feira lá estavam à nossa espera com um firme "digam o que precisam" e partindo daí, tudo aconteceu: transportar a casa e o bar para o palco, desempacotar, aparafusar, erguer, montar espelhos, correr cortinas, preparar adereços, acolher os nervos, vestir as personagens. O Miguel Barros (o nosso menino) foi ao nosso e ao encontro da peça que já estava mais crescida (fez agora 8 espectáculos, está a tornar-se numa mulherzinha...), acertámos em conjunto pormenores, apercebemo-nos da diferença e do pouco tempo que tinhamos para a tornar nossa. Sexta-feira, pelas 22h, a sala ficou mais de meia (pouco depois de termos feito o único ensaio que conseguimos) e jogaram-se mais uma vez as cartas do Fausto, Ângelo, Sofia e Tomé. Acusámos a tensão na batalha, mas no final tinha-se jogado limpo. Sábado, apoiados no calo da véspera, aprumou-se o ritmo e o prazer e nem o ensaio de música punk que despertou no andar de baixo, algures no meio da peça, nos demoveu (no palco e fora dele) de disfrutarmos da magia colectiva que o teatro nos dá. Os comentários foram bons, o trabalho considerado justo, tivémos os amigos, a família e os desconhecidos que raramente encontramos nestas andanças (os Açores são ilhas e acreditem que estão mesmo no meio do Atlântico) perto do que fazemos e de nós. Alcançámos o objectivo da mostra, da troca, da partilha das sensações, das palavras e dos abraços. Mostrámos que o que se faz cá é digno de se ver e deixámos a garantia que por cá continuaremos, a trabalhar para fazer mais, melhor. Foi bom, mesmo muito bom... tivemos a vida bem presente, ficámos quentes por dentro.
Agora está na hora de começar a pensar no outra viagem: os da Cossoul (Alta-cena) vêm cá com o "Monta-cargas" (os artistas Unidos chamaram-lhe de "Serviço"), peça de Harold Pinter, encenada pelo Élio Luís. As datas ainda não estão definidas mas podem contar com o acontecimento em 2006, na Horta.
Ena pá...
Não posso deixar de mandar abraços do tamanho do mar e beijos mil para a malta da Cossoul - Élio, Miguel, Zé, Pedro, Tadeu e seu parceiro de bar (aquele caldo verde...), mana Milú e restantes companheiros e para os Miguel, Albino, Susana, amigos, amigas, família e todos vocês.
Não posso deixar de dizer que a única coisa que me entristeceu, foi não poder ter connosco em Lisboa, o resto dos companheiros do Teatro de Giz que ajudaram a construir esta peça... (estiveram sempre perto, a verdade é essa)
1 comment:
olha!
se não vós disse, agora digo.
a peça foi espectacular! adorei e quase chorei no fim. foi muito emocionante. e adorei o toque final, com os espelhos, as luzes e o publico ali a nossa frente e sigur rós. voces são muito talentosos e espero ver mais peças teatrais assim. Felicidades!
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